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Opinião: «A Solução está na coesão», por Fábio Pinto


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«Podemos definir Interioridade de várias formas. A julgar pelo que consta no dicionário de língua portuguesa, interioridade é definida como sendo a qualidade do que é interior. Simples e objetivamente, temos uma definição que é transversal a inúmeras questões, das mais variadíssimas vertentes.

Nas últimas décadas o nosso país viu as suas atenções e prioridades inclinarem o seu território em direção ao mar, ao invés de equilibrar a balança protegendo e procurando uma evolução que afete todos os territórios nacionais de igual forma. Vimos migrar para o litoral a nossa população do interior em busca das oportunidades que não encontra nos seus territórios. Quem os pode censurar, quando antes deles já foram as nossas empresas, os empregos, depois os serviços e o investimento?

Hoje, nos territórios de baixa densidade populacional, temos um enorme vazio de tudo. Temos um vazio no mapa, que apenas permite aos mais teimosos a sua permanência nessas regiões. O interior esvaziou-se de tudo. Só não se esvaziou do que lhe é impossível retirar. A enorme qualidade de vida, beleza natural, cultura, património e inestimável identidade das suas gentes são valores que subsistem e os quais teremos de saber valorizar para fazer valer a importância que o interior tem no nosso país. Estes atributos e os bons exemplos de resiliência, sejam eles económicos, culturais, sociais, entre outros, são as promissoras potencialidades que subsistem à espera que um país que lhes virou as costas lhes venha agora dar a mão.

É com a convicção de que é imperativo encarar o futuro dos territórios do nosso país de uma forma diferente que a Juventude Socialista lançou o Roteiro da Coesão Territorial. É importante reinventar a forma como atendemos às carências de todos os territórios, trabalhando em proximidade com os cidadãos, valorizando o importante papel que os autarcas têm, indo para o terreno conhecer de perto a realidade em cada uma das regiões, identificando modelos de sucesso nas mais variadas áreas e fazendo desses exemplos uma bandeira para acenar aos céticos e conformados quanto às assimetrias regionais. Esta é a nossa receita para que, logo que termine o nosso périplo de proximidade que tem sido o Roteiro da Coesão Territorial, possamos congregar todos os contributos, todos os diagnósticos e soluções, todos os bons exemplos que tivemos oportunidade de conhecer ao longo de seis meses na produção de uma receita que valorize o equilíbrio regional com propostas que contribuam para mudar os paradigmas atuais.

Sabemos, também, que o atual governo começou já a dar alguns passos nesse sentido. Desde o início do seu mandato que o executivo liderado por António Costa assumiu a coesão territorial como uma prioridade. Mais do que procurar realizar diagnósticos e falar dos seus problemas, o atual governo do Partido Socialista já devolveu ao Interior serviços e direitos, conquistas que foram trucidadas pelo anterior executivo PSD/CDS. A verdade é que hoje assistimos a uma nova abordagem, que procura fomentar a igualdade de oportunidade entre as regiões e as suas populações. As recentes medidas implementadas vêm colmatar várias décadas de promessas que foram repetidas por sucessivos governos mas que, ao invés de atenuarem todos os problemas das regiões interiores, não contribuíram para adiar o inevitável.

Mas o caminho não pode ficar por aqui! Só sensibilizando todos os cidadãos, de norte a sul, do litoral ao interior, para a necessidade de superar os desafios das regiões de baixa densidade populacional é que poderemos garantir a sustentabilidade dos nossos territórios como um todo, obtendo um país mais coeso, com mais garantias de poder enfrentar os desafios do futuro.

Ainda vamos a tempo de inverter o curso desastroso do modelo atual. Ainda é possível repensar e colocar em prática mais medidas que venham colocar os pratos das balanças ao mesmo nível. As potencialidades das regiões que são consideradas de baixa densidade populacional existem e estão à espera de ser aproveitadas, assim sejam criadas iguais condições de fixação de população, com emprego, serviços, fluente mobilidade, entre outros fatores, que pela sua não priorização geraram desigualdade entre as regiões.

Em resumo, é fundamental olharmos para o interior sem uma visão fatalista ou de condescendência, mas sim como uma grande oportunidade. Essa será a ponte que virá garantir o futuro de todas as gerações atuais e futuras, continuando a colocar-nos do lado certo da história.»

Por Fábio Pinto

Secretário Nacional da Juventude Socialista para a Coesão Territorial

 

17/05/2018
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