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Opinião: «#GeraçãoSocialista – Quem somos e o que queremos?», por João Albuquerque


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Terminou no passado domingo a edição de 2018 do Summer Camp da YES – Young European Socialists. Juntando cerca de 900 jovens de toda a Europa, o tema escolhido para este ano foi #GenerationSocialism. E o que pretendíamos nós alcançar com esta escolha?

Talvez olhando para o panorama do nosso movimento socialista europeu a partir de Portugal, esta reflexão possa parecer extemporânea. E, felizmente, olhando agora para o nosso vizinho ibérico, talvez até nos esqueçamos de que fora desta jangada de pedra, a situação não é assim tão animadora.

Num evento como o Summer Camp, em que reunimos tantos militantes e ativistas de toda a Europa, e em que potenciamos os modelos de auto-organização e autogestão, considerámos fundamental procurar descortinar quais as razões que provocaram a crise em muitos dos partidos socialistas e sociais-democratas da Europa.

Estamos na antecâmara das eleições europeias – possivelmente as mais decisivas desde a fundação da UE – e este é o momento certo para perceber quem somos enquanto família política. Acima de tudo, para entendermos como nos encaixamos neste modelo de União Europeia. E, se a resposta for negativa, como nos parece, e não permitir o desenvolvimento de políticas de igualdade, equidade, inclusão, justiça e democracia, então urge transformar essa mesma União.

Ao longo dos 5 dias de Summer Camp, promovemos mais de meia centena de painéis, workshops, sessões de formação ou debates. Explorámos temas tão variados como o futuro das nossas cidades (Smart Cities), como novos paradigmas para a Economia; discutimos novos desafios para a educação, para a sustentabilidade ou as novas ferramentas para acabar com a precariedade laboral jovem – painel onde contámos com a participação do nosso S-G, Ivan Gonçalves. Mas fomos mais além, e procurámos definir novas políticas para as migrações – que garantam rotas seguras de migração, mas também mecanismos legais mais acessíveis – debatemos o marxismo e o modelo nórdico, bem como a nossa Geringonça, e aprofundámos o nosso caminho nas questões da igualdade, com vários momentos dedicados ao tema, mas em que destaco o workshop sobre “Política Queer Descolonial”.

No momento em que definimos o nosso calendário eleitoral – e em que entramos na fase final de conclusão do nosso manifesto – o Summer Camp 2018 permitiu-nos reforçar as linhas gerais do que pretendemos para os próximos cinco anos, mas também para o futuro do nosso movimento.

A nossa geração – a geração que queremos que seja socialista – não pode compactuar com uma ligação pouco transparente entre a vida política e os interesses privados. Exigimos transparência e responsabilidade. Queremos uma participação mais ativa e direta na vida democrática europeia, com mecanismos que favoreçam uma cada vez maior proporcionalidade entre a sociedade e quem a representa. Lutamos por uma sociedade cada vez mais inclusiva, que elimine as descriminações e que permita a integração de novas comunidades migrantes. Batemo-nos por um modelo económico e social que crie e proporcione oportunidades para todas e para todos, não só através de educação pública de qualidade – como principal fator de mobilidade social –, mas também através de mecanismos de redistribuição de rendimentos e de investimento em serviços públicos de qualidade.

A sociedade que queremos construir a nível europeu, e pela qual lutamos também aqui em Portugal, é uma sociedade capaz de eliminar os seus próprios preconceitos, capaz de, em solidariedade, elevar aqueles que, desafortunadamente, menos possuem; é uma sociedade que protege os seus cidadãos em momentos de infortúnio e que garante igualdade nas oportunidades de acesso, independentemente da condição de origem de cada uma e cada um. A Europa em forma de União não se faz com os seus Estados competindo agressivamente entre si através do dumping fiscal e social. Faz-se com mais integração, conferindo maior poder de decisão à UE, ao mesmo tempo que se aumenta os seus níveis de participação e legitimidade democráticas.

Dar oportunidades a esta nova geração não é, apenas, uma questão de justiça e representatividade. É garantir uma renovação efetiva da forma de encarar a participação democrática, mas também de assegurar uma nova fase de aprofundamento da construção europeia. É isso que representa esta #GeraçãoSocialismo.

 

PS: Este é um Post-Scriptum de elevadíssima dimensão, porque as circunstâncias assim o exigem. A representatividade portuguesa neste Summer Camp deixou-me extremamente orgulhoso e, estou certo, fez jus ao bom nome de que a JS grangeia junto das suas congéneres europeias. Desde as diversas reuniões bilaterais – que solicitaram e a para as quais foram solicitados, com Alemanha, Áustria, Bélgica, Itália e Reino Unido – até à participação nas diferentes atividades do SC, elevaram bem alto o nome da Juventude Socialista. Ao Pedro, que tão bem encabeçou esta delegação, ao Bruno, ao André, à Iolanda, à Ana Rita, à Marta e ao Daniel, sem esquecer a participação do Ivan, do Filipe e do Marcos, e do João – pela sua disponibilidade, camaradagem e apresentação de Cascais, Capital Europeia da Juventude – só posso agradecer todo o esforço, amizade, dedicação e companheirismo das muitas horas acordados que ajudaram a combater todas as que não se dormiram. É um orgulho pertencer à Juventude Socialista e foi um enorme prazer ter sido, como sempre, um de vós.

 

22/07/2018
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