Uma questão de interioridade

 

Estará o povo português realmente ciente do que significa a frase «abandono do interior»? Será o vazio sentido, apenas demográfico ou estaremos a vivenciar na pele o que estudos da década de noventa evidenciavam e rotulavam como «o duplo envelhecimento da população»?

Um país que teve de ouvir o seu anterior primeiro ministro dizer «não há espaço para todos, alguns tem de emigrar e procurar novas oportunidades», e que, subservientes e bem mandados que historicamente somos, cedo aludimos na procura de novas oportunidades…

E os primeiros a ir foram os jovens, os poucos que restavam no interior, os que ainda tiveram esperança neste «nosso» interior. Alguns apostaram, e foram esmagados por «um colossal aumento de impostos», que juntos a combustíveis pagos a preço de ouro e portagens absurdamente caras, asfixiaram os «tolos» que tentaram apostar no cada vez mais longe «interior».

Se não alterarmos, com a maior urgência, o nosso interior, na próxima década não veremos mais que aldeias fantasma, onde apenas as silvas irão prosperar, num estado de abandono inimaginável.

É fundamental fomentar políticas de fixação e investimento bem como reforçar o poder local. Resta aos jovens de hoje lançar as bases para um futuro que deverá assentar nas potencialidades do interior e da riqueza natural que sempre nos distinguiu.