A Juventude Socialista reagiu hoje ao anunciado programa VEM, de incentivo ao regresso de emigrantes a Portugal, acusando o Governo de «administar uma aspirina a um doente em estado crítico».
João Torres, Secretário-geral da JS, considera que o programa de incentivo ao regresso de emigrantes apresentado pelo Governo «não passa de um embuste, de abrangência muito limitada». A JS aponta que a solução apresentada pelo Governo é não só desajustada como indigna para um executivo que conseguiu a proeza de fazer emigrar por ano cerca de 110.000 portugueses e reforça a certeza de que este Governo não tem qualquer intenção de trazer de volta os emigrantes portugueses. «Falta vontade política ao Governo para recuperar os emigrantes. Vários membros do Governo têm vindo a relativizar este flagelo da nossa sociedade», acusa o líder da JS.
O Secretário-geral da JS acrescenta ainda que a solução apresentada em linhas gerais é de «eficácia comparável a administrar uma aspirina a um doente em estado crítico» e acrescenta que «perante um país doente, em processo de envelhecimento contínuo e com acelerada desertificação de territórios, nomeadamente no interior, se esperava muito mais». João Torres realça que o Governo propor «apoiar 40 a 50 projectos quando nos últimos 3 anos emigraram mais de 300.000 portugueses é ofensivo».
A Juventude Socialista sublinha que os socialistas sempre conviveram bem com o projeto europeu e com a possibilidade de os cidadãos poderem circular entre estados, não sendo os jovens portugueses exceção. «Aquilo que que a JS não pode aceitar é que a emigração seja motivada pela falta de alternativas que o nosso país apresenta», reforça o líder da JS.
Sublinhe-se que Portugal vive, actualmente, uma das maiores vagas emigratórias da sua história recente. Em 2013, emigraram mais de 110 mil portugueses, sendo que mais de um terço destes tinha uma idade compreendida entre os 20 e os 29 anos. Nunca o desemprego jovem atingiu níveis tão preocupantes, ultrapassando os 34%, em 2014. Portugal viu a sua população com menos de 30 anos diminuir em mais de 250 mil habitantes, ou 7%. A sua população entre os 20 e os 29 diminuir em mais de 140 mil habitantes, ou 11%. Estes números devem preocupar os portugueses pois colocam em causa a sustentabilidade do nosso país, da sua Segurança Social, e hipotecam as esperanças de todos os jovens portugueses que pretendem ter um futuro digno e de qualidade no seu país.