Na sessão de encerramento da rentrée política da Juventude Socialista, que decorreu nos dias 10 e 11 de setembro, em Braga, os Secretários-gerais da Juventude e do Partido Socialista fizeram um balanço do passado e desafiaram os presentes a por os olhos no futuro.
A sessão de encerramento da conferência «Jovens & Polític@s» foi marcada pelas intervenções dos Secretários-gerais da Juventude e do Partido Socialista, particularmente voltadas para as prioridades políticas futuras das respetivas organizações, para além das críticas ao PSD e CDS, pela governação do passado e pela (ausência de) oposição no presente.
João Torres, Secretário-geral da JS, começou por recordar «dois grandes acontecimentos que influenciaram decisivamente o curso da História», precisamente a 11 de setembro, «o golpe militar de Pinochet consumou o derrube de uma democracia progressista no Chile, em 1973; e em 2001, nos Estados Unidos da América, o terrorismo assumiu-se como uma das formas de agressão mais violentas da contemporaneidade, desafiando as democracias a conviver com novas ameaças».
Sobre o Emprego, o líder dos jovens socialistas começou por recordar «a forma como foram geridas as políticas activas de emprego de 2011 a 2015» que considera terem imposto «a precariedade como um modo de vida para as novas gerações», para depois denunciar o esgotamento «sem critério ou qualquer selectividade de 2/3 de todos os fundos comunitários que temos à nossa disposição até 2020».
Assim, considera ser «fundamental mudar o paradigma: o paradigma dos baixos salários, o paradigma dos recibos verdes, o paradigma dos contratos a termo», deixando o aviso de que «a Juventude Socialista não esquecerá a sua agenda política, já na discussão do Orçamento do Estado para 2017» nomeadamente em áreas como a Educação, o Ensino Superior, a Habitação e a Mobilidade.
Num segundo momento da sua intervenção, João Torres referiu o «grande ensinamento de Verão» para Passos Coelho: «quem passa a vida a anunciar o diabo acaba por ser diabolizado nas urnas» e foi mais longe ao dizer que se «nenhum jovem português deve perdoar ao PSD o significado material e imaterial da sua governação» no passado, já hoje, «nenhum jovem português deve perdoar ao PSD o facto de se apresentar ao país com um líder que mais parece o presidente da comissão liquidatária da oposição em Portugal», tranquilizando no entanto António Costa, apesar da situação da oposição, pois «quando necessário, a JS cá estará para sinalizar o que vai menos bem no Governo do país».
Na fase final da sua intervenção, em que fez fortes críticas à União Europeia, o Secretário-geral da JS denunciou que «perdemos uma Europa de esperança, de solidariedade e de futuro, para dar lugar a uma Europa dominada por interesses económicos e financeiros, não sociais». Assim, considera que «é tempo de dizer basta a esta Europa e é tempo de pôr um travão à permanente falta de respeito pela democracia portuguesa, pela vontade popular».
Para concluir João Torres lembrou as palavras de António Arnaut – «o socialismo é, antes de mais, uma ética – uma ética de intervenção social, uma ética de inconformismo, uma ética que se confunde no sonho e na esperança de um mundo melhor» – para desafiar os jovens socialistas a «abraçar a responsabilidade de fazer a diferença, a responsabilidade de fazer futuro».
António Costa, que realizou a última intervenção da iniciativa, destacou que «o documento político mais importante, aprovado no último ano, quer pelo Governo quer pela Comissão Europeia é o Plano Nacional de Reformas», um documento que segundo o governante «projeta a ação política para a próxima década, centrado nos desafios estruturais das qualificações, da inovação, da modernização do Estado, da capitalização das empresas, da coesão social e da valorização do território».
O Secretário-geral do Partido Socialista anunciou ainda a realização de dois Conselhos de Ministros extraordinários, dedicados ao Serviço Nacional de Saúde, que celebra este ano o seu 37.º aniversário, e à política florestal, porque «não nos podemos conformar em ver a floresta arder», disse.
Outro destaque na intervenção de António Costa foi o Livro Verde das Relações Laborais, que irá ser discutido este mês em sede de Concertação Social, onde se definem várias políticas que diminuam a precariedade laboral entre os mais jovens. Sobre isto António Costa diz mesmo que «a precariedade não é só comprometer a confiança dos jovens no seu futuro, não é só o maior estímulo à emigração, não é só o maior fator de instabilidade na emancipação dos jovens, é também o maior inimigo da produtividade das empresas e do modelo de desenvolvimento assente na qualificação, na valorização e na inovação», pelo que é urgente implementar a estratégia definida no Livro Verde.
A terminar, sobre o Orçamento do Estado para 2017, o Primeiro-ministro disse que seria dada prioridade ao «investimento numa sociedade do conhecimento», que passará pela aposta na Cultura, com «um reforço claro do apoio à criação artística», na Ciência, pela «garantia da estabilidade e previsibilidade na gestão das instituições do Ensino Superior», e na Educação, ao permitir concretizar a «universalização do pré-escolar a partir dos 3 anos de idade», a «generalização da gratuitidade dos manuais escolares no 1.º ciclo», e «o lançamento do programa “Pró-Sucesso Escolar” que atacará o insucesso escolar em cada agrupamento de escolas».
Nota: os vídeos completos das intervenções estão disponíveis AQUI (João Torres) e AQUI (António Costa).