O primeiro-ministro “gosta muito da ideia” de generalizar a gratuitidade dos manuais escolares, mas em formato digital – uma proposta apresentada pela Juventude Socialista (JS) para o programa eleitoral.
“Gostei muito da ideia de aproveitar esta excelente reforma que foi feita da gratuitidade dos manuais escolares para a generalização dos manuais digitais”, disse o secretário-geral do PS, em Paredes, onde a JS está reunida.
“Isso verdadeiramente é fazer dois em um: assegurar a gratuitidade para quem precisa dos manuais para estudar e simultaneamente não criar esta situação de custo dificilmente suportável de estar a pagar os custos da impossibilidade de reutilização ou pôr as famílias e os professores de borracha a tentar apagar aquilo que já, obviamente, não deve ser apagado”, admitiu António Costa.
“Esta é a evolução que nós devemos fazer, porque assim estamos não só a disponibilizar os manuais, como também estamos a aproveitar para formar toda esta nova geração para viver num novo ambiente. Um novo ambiente digital, desmaterializado, que é o ambiente absolutamente essencial para ajudar a fazer a transição para a sociedade digital”.
Perante as camadas jovens do partido, o secretário-geral do PS afirmou que educação, igualdade e alterações climáticas continuarão como desafios do partido.
“Foi com muito interesse que li os vossos contributos para o programa do Governo. São excelentes pistas para a reflexão e para os desafios da vossa geração e o programa do PS tem de ser capaz de responder a estas questões”, afirmou o líder socialista.
Elogiando, repetidamente, as várias propostas da JS naqueles e em outros domínios, elencadas minutos antes pela secretária-geral Maria Begonha, António Costa deixou a promessa de que várias ideias apresentadas deverão ser levadas em conta se o PS for Governo na próxima legislatura.
Nos trabalhos, os jovens socialistas destacaram várias propostas, nomeadamente na área da educação, para que mais alunos do ensino profissional acedam ao ensino superior, nomeadamente a valorização das provas de aptidão e a fixação de um teto máximo nas propinas dos mestrados.
Estender o programa Erasmus ao 12.º ano e criação de um ano sabático no final do ensino secundário foram outras ideias defendidas este sábado pela JS.
Noutras áreas, o fim do pagamento de 1.500 euros para se fazer um estágio dos futuros advogados, o fim das provas no final daqueles estágios promovidos pelas ordens profissionais, a legalização do consumo de cannabis para fins recreativos, a regulamentação do trabalho digital e o fim das centrais de carvão até 2021 também constam da lista de propostas da JS.
Falando para algumas dezenas de jovens socialistas, de vários pontos do país, reunidos no pavilhão municipal de Paredes, no distrito do Porto, o secretário-geral do PS assinalou a importância do “desafio demográfico para corrigir a trajetória atual” e as medidas do programa socialista para garantir a “sustentabilidade do sistema social”.
António Costa defendeu a importância de “regular bem o trabalho fora do horário de trabalho” e o “desafio do combate às desigualdades”, incluindo a “disparidade salarial que continua a subsistir entre homens e mulheres”.
O secretário-geral revelou também que uma das suas preocupações como governante tem sido trabalhar para garantir aos jovens, em Portugal, “uma plena realização pessoal e profissional sem terem de partir”.
Novas políticas públicas, como o arrendamento acessível às novas gerações, “garantir que as formações das ordens não sejam redundâncias da formação do ensino superior e instrumentos desleais de limitar a concorrência no acesso à profissão”, e a contratação pelo Estado de mais jovens qualificados foram ideias, voltadas para o futuro, que António Costa deixou aos jovens socialistas.
Ainda em resposta às propostas da JS, o primeiro-ministro disse ter gostado da ideia de generalizar os manuais escolares digitais e acentuou a necessidade de políticas que permitam “alargar a base no acesso ao ensino superior”.
O líder socialista referiu, a propósito, o “objetivo vital” de prosseguir “o investimento no plano nacional de alojamento” para o ensino superior e a necessidade de “mais condições para que todos possam fazer Erasmus, independentemente dos recursos da sua família, incluindo no ensino secundário”.
“Investir na formação é contribuir para a produtividade das empresas e desenvolvimento do país” reforçou.
Lusa