A JS assinalou ontem o Dia da Europa, promovendo vigília em solidariedade com as vítimas do drama humanitário no Mediterrâneo
A Juventude Socialista reuniu-se ontem, em frente à Assembleia da República, para uma vigília em memória das vítimas do drama humanitário no Mediterrâneo. Esta iniciativa, inserida num a organização conjunta da Young European Socialists (YES) com todas as juventudes socialistas europeias, procurou lembrar aqueles que procuram a Europa em condições precárias, sujeitando-se ao tráfico humano.
Durante a iniciativa foi lida uma declaração política pelo Secretário-geral da JS, João Torres, em baixo transcrita.
«8 De Maio | 22h00 | Assembleia da República
O Mar Mediterrâneo tem sido, ao longo dos anos mais recentes, o palco de um cenário assombroso, onde milhares de pessoas chegam para encontrar nada mais que a morte. A maior parte desta população procura fugir de cenários que, na Europa, são hoje inimagináveis: guerras sanguinárias, fome, epidemias e perseguições políticas, que ocorrem pelos mais diversos motivos – discriminações com base na identidade sexual, de género, orientação sexual, culto religioso ou um sem fim de outras causas que geram ódio e motivam a necessidade de fuga urgente dos países onde esta realidade impera.
Muito recentemente, duas tragédias consecutivas levaram a vida a centenas de pessoas que procuravam melhores condições de segurança e de vida, provando, mais uma vez, o falhanço das políticas europeias de migração e asilo. Em vez de investir no financiamento das operações italianas de salvamento “Mare Nostrum”, a União Europeia optou por lançar uma operação da agência Frontex, “Triton”, com um orçamento muito inferior, e que não foi capaz de impedir as 1600 mortes ocorridas desde o início deste ano.
Numa rápida comparação entre as duas operações, facilmente se constata:
– A área operacional da Triton é muito inferior à do Mare Nostrum, com muito maior concentração nas áreas fronteiriças, não oferecendo qualquer apoio às embarcações que se encontram em alto mar, entregues à sua sorte;
– A operação Triton tem um financiamento inferior por parte da UE do que a operação Mare Nostrum, financiada exclusivamente por Itália.
A Juventude Socialista opõe-se à estratégia europeia para lidar com esta tragédia e considera que a prioridade deve ser colocada no salvamento do maior número de pessoas possível, que tentam, por razões que a maior parte dos europeus já não concebem, abandonar os seus locais de origem e chegar até ao velho continente.
A Juventude Socialista condena todas as formas de tráfico, exploração e exclusão humana, repudiando a mercantilização da pessoa humana que ocorreu recentemente, e resultou na morte de refugiados, na sua grande maioria vindos da Síria e da Líbia, que procuravam uma vida alternativa aos cenários de guerra e conflito.
A Europa, o maior espaço de prosperidade e desenvolvimento humano do mundo, não pode acompanhar com indiferença a tragédia que tem acompanhado a vida de milhares de cidadãos forçados a emigrar em circunstancias desumanas, e queremos convocar toda a União Europeia para uma reflexão sobre o valor da vida humana . A primeira das condições para a Europa agir é a responsabilização coletiva para uma resposta solidária e eficaz, e a rápida consciencialização da mudança necessária nas politicas de integração e asilo de reugiados e imigrantes.
Para assinalar de forma simbólica estes desoladores acontecimentos, a JS associa-se à YES – Young European Socialists – e às suas congéneres europeias, numa manifestação pacífica em frente à Assembleia da República, assinalando o Dia da Europa, em solidariedade para com as vítimas e para enviar uma mensagem muito clara de que esta é uma causa de todos, e que os responsáveis e lideres políticos de esferas nacionais, europeias e internacionais são convocados para uma alteração de políticas e a agir por uma resposta coletiva.
A Juventude Socialista em Portugal,
Assembleia da República,
A 8 de Maio de 2015»